VIAJANDO
A cabana de paredes e portas vermelhas
... O corvo nos levou de volta à roça, teriamos que passar por um árduo caminho até chegar à cabana. Ele nos deixou numa parte da roça, que ficava próximo à um sutuoso riacho. Ainda não o avistavamos, mas o som da água caindo sobre as pedras nos guiou por dentro de uma mata fechada, que depois de uma pequena caminhada acabou nos o revelando o riacho. Aquela linda imagem, formava um contraste com tudo de ruim que ali habitava. Encostamos na margem do riacho para pegar um opouco de água, Enquanto enchiamos o cantil que levevemos conosco, eu observava um pouco o lugar. Entre o espaço de uma árvore e outra, uma fumaça se aglomerava estranhamente, dando forma ao que se assemelhava com uma pessoa. Eu chamei a atenção de minha prima mostrando a estranha coisa. Ficamos paradas, olhando. Depois de já completamente formada, aquele "espirito" veio andando em nossa direção, passou entre nós duas sem perceber que estavamos ali. Quando olhamos ao redor, vários outros espiritos já haviam se formado, e trafegavam pelo riacho sem notar nossa presença. Eles tinham corpo de humano, só que nas costas, enormes asas como de borboleta. Os seres não possuíam boca nem olhos, por isso não tinham nenhuma feição no rosto. O único sentido que possuíam, era a audição, que se tornara muito apurada. naquele momento, ainda não tinhamos essa informação em mãos, então quando minha prima deixou cair o cantil no chão, os espiritos rapidamente se voltaram para nossa direção. Estavamos assustadas, não dava pra saber oque ia acontecer com nós duas. No mesmo segundo, todos eles ao mesmo tempo levantaram voô, e como numa coreográfia, começaram a girar no céu. Do chão, dava pra ver que eles estavam passando por mutação, no momento em que vimos aquela imagem, corremos em direção à mata, num curto espaço de tempo, os espiritos voaram para perto de nós, e vilolentamente nos arrastaram para o riacho. Eu só recebi a pancada, e então comecei a engolir muita água. Suas asas estavam perfurando minha carne, quanto mais nos debatiamos, mais eles se esforçavam para conseguir nos afogar. Por um momento consegui colocar a cabeça pra fora da água, quando derrepente uma luz em forma de voz me veio dizendo, "Façam silêncio, assim eles vão embora", então eu gritei "silêncio, faça silêncio", e no mesmo momento já estava debaixo da água novamente. Dessa vez não estavamos fazendo nenhum barulho. Foi preciso alguns minutos para os espiritos pensarem que estavamos mortas e nos deixarem em paz. Lentamente, colocamos a cabeça para fora da água para pegar ar, um sopro enorme de ar invadiu nossos pulmões, nos trazendo quase que de volta à vida. Estavamos exaustas completamente molhadas, estiradas na margem do riacho. Descansamos um pouco, e seguimos em direção a saída da mata.
Fazia mais de três horas que andavamos sem ver nada de estranho. Quando de longe, avistamos a cabana, como o corvo havia dito, no topo de uma colina. Momentos depois, passos podiam ser ouvidos ao longo do caminho. E uma voz de homem gritava assim "Devolvam minha cabeça, por favor devolvam minha a cabeça". Não dava pra saber de que direção vinha aquela voz que só ficava mais alta e próxima de nós, quando derrepente, um homem sem cabeça passa em frente de nossos olhos. Ele estava vestido com um terno que parecia antigo e nas mão levava uma pasta de executivo. A cada passo que dava, proferia as mesmas palavras,devolva minha cabeça por favor devolva minha cabeça. Aquela era a criatura mais normal que tinhamos visto,então como ele não fez nada conosco, também não fizemos nada com ele.
Estavamos em frente à cabana. A porta estava entre aberta, olhamos entre o espaço, mas nada dava para ser visto. Com um só impulso, empurramos a porta que se abriu lemtamente, revelando uma sala vazia,iluminada somente pela luz de fora da casa. Entramos na casa, eu senti um calafrio, talvez fosse pelo fato de não saber oque iriamos encontrar ali.
O chão da cabana era todo de madeira, e quando andavamos dava para ouvir um rangido. Passamos pela sala, e logo à frente tinha um corredor, que de tão longo que era, e escuro que estava, não dava para enchergar o final. Andando pelo corredor, um quarto estava com a porta aberta. Lentamente entramos no quarto, que diferente da sala e do corredor, tinha um ar acolhedor. As paredes eram cobertas por um papel cheio de ursinhos, havia um berço de bebê e uma estante repleta de briquedos. Mas oque mais me chamou a atenção, foi uma porta que tinha no quarto, uma porta que servia de passagem para outro cômodo. Atravessamos o quarto e passamos pela porta. Uma imagem inacreditável nos foi revelada. O cômodo era enorme, e todo o seu comprimento era preenchido por berços repletos de bebes. Eles dormiam como se não soubessem oque estava acontecendo. Eu encostei em um berço, com o intuito de entender oque realmente era aquilo. Quando minhas mãos tocaram a face de um dos bebes que estava com o corpo quase todo coberto por uma manta azul clara, ele começou a se mecher como se estivesse despertando. Ao levantar a cabeça, eu notei que um corte profundo feria a garganta do bebê. Em questão de segundos o corte começou a sangrar, e derramou sangue por todo o berço, o ferimento foi abrindo, abrindo e abrindo cada vez mais, até que só um fio de pele prendia a cabeça do bebê ao resto do seu pequeno corpo. A sua cabeça já estava completamente solta do resto do corpo, mas mesmo assim ele ainda estava vivo e tentando descer do berço. Nós estavamos em pânico e gritando muito. Todos os bebes haviam despertado, e começaram a chorar. Da gartanda de cada um, muito sangue estava jorando, de forma tão descontrolada que poucos minutos depois o quarto estava completamente lavado de sangue, naquele momento nenhum bebê possuía mais cabeça. Abruptamente, uma menina entrou no quarto, olhou para nós duas e disse "Por quê vocês os acordaram. Não fazemos barulho já para que isso não aconteça." A menina estava com um vestido rodado de cor rosa. Suas mãos, não sei como, eram mutiladas como se alguém ouvesse batido com uma marreta. Quando ela deu as costas para pegar um bebê que havia escapado do berço, deixou à mostra uma enorme faca cravada na parte de trás de seu crânio. Sem pensar duas vezes, eu e minha prima corremos em direção à saída do cômodo.
Ao sair do cômodo, nos deparamos com uma enorme sala. O chão não era coberto por nenhum tipo de piso, mas sim por terra. A sala estava completamente escura, e quando eu dei um passo, tropecei em alguma coisa e fui levada ao chão. Tateando o chão, peguei em algo que se assemelhava com a raíz de uma árvore. Quanto mais eu levava as mãos, maior a raíz ficava, até que eu bati meu rosto no tronco da árvore. Como quando se acende uma luz, tudo estava claro. Aquela árvore era o limoeiro. Não sabiamos como agir, ele já tinha nos visto. Até que então, como se saindo das paredes, uma voz podia ser ouvida. Era rígida e imponente. Era a voz do limoerio. Cordialmente, ele nos perguntou oquê procuravamos ali. Nada dissemos, pois acreditavamos que seria completamente diferente a sua abordagem para conosco. Ele disse que à muito tempo não recebia visitas, e que sabia que não pertenciamos aquele mundo. Então tomei forças e disse que já que ele sabia que não eramos dali, então sabia também que teriamos que mata-lo para conseguir sair. A voz tornou-se mais cordial ainda e nos perguntou de onde tiramos essa idéia de ter que mata-lo para retornar ao nosso mundo. Não dissemos que o corvo havia nos contado.
"Vocês acreditam que eu sou o mal deste lugar? " Ele nos perguntou. "Eu dou tudo oque as pessoas daqui precisam. Dinheiro e eternidade, e só peço alguns favores em troca." "Eternidade, como assim eternidade? Você se alimenta da morte dos outros." Eu disse. "Vocês viram, todas essas pessoas que habitam este plano? Eu as dou vida eterna através do meu dom. Estes são realmente os moradores do vilarejo, quando morrem, vivem para sempre da forma que foram mortos. Eles fizeram a sua própria cama, e agora só estou fazendo com que se deitem nela." Toda aquela história começava a fazer sentido agora.
Com um sinal do limoeiro, os habitantes do vilarejo adentraram a sala. A mulher com um embrulho, o homem sem cabeça, os corpos dos bebes e todas as outras criaturas que lá habitavam. A mulher mostrou o pacote para o limoeiro, que disse para que o colocasse no seu lugar. Ela desembrulhou o pacote, que tinha um disco de vinil dentro. Colocou o disco em um gramofone que estava no canto da sala e o disco começou a tocar. Um blues macabro era proferido por toda a cabana.
"Vou deixar bem claro para vocês uma coisa, não tem como me matar. Não percam o seu tempo. A única coisa que podem fazer, é me pedir permissão para sairem daqui." Realmente era verdade oque ele disse. Estavamos rodeadas por aberrações, não tinhamos chance de mata-lo. Então após alguns minutos de silêncio, ele disse que nos liberava para ir embora, mas com a condição de que não contassemos para ninguém oque havia acontecido. Concordamos e saímos da cabana.
Com as coordenadas que o limoeiro havia nos dado, rapidamente encontrariamos a saída. Não foi oque aconteceu. Já caminhavamos à quatro dias, e ainda estavamos ali. O mais estranho é que não sentiamos fome, sede ou sono. Oquê estava acontecendo conosco? Então uma voz ecoou de longe dizendo "Não existe mais saída para vocês. Já estão mortas desde que entraram aqui." O desespero bateu, mas uma conciência estranha dentro de nós, dizia que era verdade. Morremos tentando achar uma saída, e para sempre iremos buscar uma porta que nos tire desse mundo.
IARA BLUES ROSE
O chão da cabana era todo de madeira, e quando andavamos dava para ouvir um rangido. Passamos pela sala, e logo à frente tinha um corredor, que de tão longo que era, e escuro que estava, não dava para enchergar o final. Andando pelo corredor, um quarto estava com a porta aberta. Lentamente entramos no quarto, que diferente da sala e do corredor, tinha um ar acolhedor. As paredes eram cobertas por um papel cheio de ursinhos, havia um berço de bebê e uma estante repleta de briquedos. Mas oque mais me chamou a atenção, foi uma porta que tinha no quarto, uma porta que servia de passagem para outro cômodo. Atravessamos o quarto e passamos pela porta. Uma imagem inacreditável nos foi revelada. O cômodo era enorme, e todo o seu comprimento era preenchido por berços repletos de bebes. Eles dormiam como se não soubessem oque estava acontecendo. Eu encostei em um berço, com o intuito de entender oque realmente era aquilo. Quando minhas mãos tocaram a face de um dos bebes que estava com o corpo quase todo coberto por uma manta azul clara, ele começou a se mecher como se estivesse despertando. Ao levantar a cabeça, eu notei que um corte profundo feria a garganta do bebê. Em questão de segundos o corte começou a sangrar, e derramou sangue por todo o berço, o ferimento foi abrindo, abrindo e abrindo cada vez mais, até que só um fio de pele prendia a cabeça do bebê ao resto do seu pequeno corpo. A sua cabeça já estava completamente solta do resto do corpo, mas mesmo assim ele ainda estava vivo e tentando descer do berço. Nós estavamos em pânico e gritando muito. Todos os bebes haviam despertado, e começaram a chorar. Da gartanda de cada um, muito sangue estava jorando, de forma tão descontrolada que poucos minutos depois o quarto estava completamente lavado de sangue, naquele momento nenhum bebê possuía mais cabeça. Abruptamente, uma menina entrou no quarto, olhou para nós duas e disse "Por quê vocês os acordaram. Não fazemos barulho já para que isso não aconteça." A menina estava com um vestido rodado de cor rosa. Suas mãos, não sei como, eram mutiladas como se alguém ouvesse batido com uma marreta. Quando ela deu as costas para pegar um bebê que havia escapado do berço, deixou à mostra uma enorme faca cravada na parte de trás de seu crânio. Sem pensar duas vezes, eu e minha prima corremos em direção à saída do cômodo.
Ao sair do cômodo, nos deparamos com uma enorme sala. O chão não era coberto por nenhum tipo de piso, mas sim por terra. A sala estava completamente escura, e quando eu dei um passo, tropecei em alguma coisa e fui levada ao chão. Tateando o chão, peguei em algo que se assemelhava com a raíz de uma árvore. Quanto mais eu levava as mãos, maior a raíz ficava, até que eu bati meu rosto no tronco da árvore. Como quando se acende uma luz, tudo estava claro. Aquela árvore era o limoeiro. Não sabiamos como agir, ele já tinha nos visto. Até que então, como se saindo das paredes, uma voz podia ser ouvida. Era rígida e imponente. Era a voz do limoerio. Cordialmente, ele nos perguntou oquê procuravamos ali. Nada dissemos, pois acreditavamos que seria completamente diferente a sua abordagem para conosco. Ele disse que à muito tempo não recebia visitas, e que sabia que não pertenciamos aquele mundo. Então tomei forças e disse que já que ele sabia que não eramos dali, então sabia também que teriamos que mata-lo para conseguir sair. A voz tornou-se mais cordial ainda e nos perguntou de onde tiramos essa idéia de ter que mata-lo para retornar ao nosso mundo. Não dissemos que o corvo havia nos contado.
"Vocês acreditam que eu sou o mal deste lugar? " Ele nos perguntou. "Eu dou tudo oque as pessoas daqui precisam. Dinheiro e eternidade, e só peço alguns favores em troca." "Eternidade, como assim eternidade? Você se alimenta da morte dos outros." Eu disse. "Vocês viram, todas essas pessoas que habitam este plano? Eu as dou vida eterna através do meu dom. Estes são realmente os moradores do vilarejo, quando morrem, vivem para sempre da forma que foram mortos. Eles fizeram a sua própria cama, e agora só estou fazendo com que se deitem nela." Toda aquela história começava a fazer sentido agora.
Com um sinal do limoeiro, os habitantes do vilarejo adentraram a sala. A mulher com um embrulho, o homem sem cabeça, os corpos dos bebes e todas as outras criaturas que lá habitavam. A mulher mostrou o pacote para o limoeiro, que disse para que o colocasse no seu lugar. Ela desembrulhou o pacote, que tinha um disco de vinil dentro. Colocou o disco em um gramofone que estava no canto da sala e o disco começou a tocar. Um blues macabro era proferido por toda a cabana.
"Vou deixar bem claro para vocês uma coisa, não tem como me matar. Não percam o seu tempo. A única coisa que podem fazer, é me pedir permissão para sairem daqui." Realmente era verdade oque ele disse. Estavamos rodeadas por aberrações, não tinhamos chance de mata-lo. Então após alguns minutos de silêncio, ele disse que nos liberava para ir embora, mas com a condição de que não contassemos para ninguém oque havia acontecido. Concordamos e saímos da cabana.
Com as coordenadas que o limoeiro havia nos dado, rapidamente encontrariamos a saída. Não foi oque aconteceu. Já caminhavamos à quatro dias, e ainda estavamos ali. O mais estranho é que não sentiamos fome, sede ou sono. Oquê estava acontecendo conosco? Então uma voz ecoou de longe dizendo "Não existe mais saída para vocês. Já estão mortas desde que entraram aqui." O desespero bateu, mas uma conciência estranha dentro de nós, dizia que era verdade. Morremos tentando achar uma saída, e para sempre iremos buscar uma porta que nos tire desse mundo.
IARA BLUES ROSE
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