"vera flor,vera flor existe,é a beleza mais triste..."
Em um jardim farto,porém pequeno e desorganizado,eu caminhava desatenciosamente até encontrar,dentro de uma cerca esquecida,um ramalhete muito bem aproveitado,com tamanhos,cores e humores diversos.
Fui observando,agora atentamente,os mínimos detalhes de cada rosa e as camadas que,cuidadosamente,ia compondo suas pétalas:eram as rosas dos sentimentos!
Percebi que,para as mais fartas(porém simples)e em tons suavemente fortes,foram dedicados todos as essências que compunham a felicidade:á essas rosas foram portanto,dado o nome de "Simplicidade"
Mais adiante,vi um montinho todo bem feito de rosas luxuosas(porém já quase murchas)e em tons mornos,quase que monótonos:á elas não coube outro nome senão o próprio que compunha os males de toda a "Arrogância".
Há uns dois passos mais á frente estava um coletivo de rosas chorosas e solitárias,apesar de estarem sempre juntas e unidas,praticamente coladas entre si.
Essas se empalideciam em tons secundários,formados por alguma razão,pelas duas outras rosas seguintes que,tempos antes trouxeram para si o motivo que as levavam ter pétalas sempre tão belas,formosas e apaixonadas,hoje porém,foram somente as responsáveis por nomeá-la "Saudade",uma das mais marcantes rosas naquele tumulto confuso de sentimentos!
Uma dessas rosas se chamava "Paixão",e era o coletivo mais brilhante de todo o roseiral !
Elas se resumiam á tons fortes,impetuosos e corajosos.Tons tão agressivos que enchiam de luz e medo os olhos que se ousassem pousar sobre ela.Para Paixão foram dadas pétalas vermelhas e detalhadas.Foram cortados de seu caule os espinhos que,um dia sem querer,furaram os dedos de quem as regou durante muito tempo,com cuidado e inocência.Ela agora se encontrava amena,ao lado da rosa "Saudade".
A outra porém,era quieta,tranquila e,indiscutivelmente bela!
Não se acomodava em um bando.Não era um coletivo.Não era rosa em porção.
Era uma única só.Umazinha somente e de personalidade redundante:era fortemente sensível...
À ela foram dedicados tons indefiníveis.Tons tão bem trabalhados que ninguém,nem mesmo o próprio jardineiro que a regava diariamente,conseguiria definir.Sua essência então,nem se fala.Era cuidadosamente escolhido seu aroma:eram diversos perfumes,sempre misturados,sempre antônimos,sempre cheirosos...
Era porém uma rosa triste.Triste,murcha e esquecida.Ninguém a enxergava por entre todas as outras...
Por entre todas as outras rosas luxuosas,ricas,margaridas...
Á ela foram dados os sentimentos mais nobres,mais especiais e puros,que compunham o essencial pra que a vida de quem a plantasse valesse a pena,mesmo que fosse uma vida breve:á ela foi portanto,dado o nome "Vera Flor",a flor do amor...
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