SOM DA TRIBO 95.7

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sábado, 28 de janeiro de 2012

Primeiros medos



(Por:Laísa Duarte)


     
      Tarde seca e céu imensamente azul.Vou correndo contra o tempo pra não perder o ônibus das 16:30.Chego cinco minutos antes da partida do ônibus,conseguindo um espaço razoavelmente confortável apesar do meu atraso.Sento-me e como de costume observo as ruas pela janela enquanto sinto um cheiro horrendo de carnes calorosas vindo do fundo do ônibus.Os pontos de parada do ônibus não cessam,aumentando assim o número de mãos sobre o suporte que por conta disso vai  diminuindo.Ouço zumbindo e vai e vem perturbadores de pessoas que mais parece formigas num açucareiro,mais que na realidade não passam de um monte de "pobres coitados" vindos de seus trabalhos cansativos e financeiramente injustos.
      Última parada antes do meu ponto de descida e vejo entrar as personagens que deu origem á essa história que agora conto a vocês.
      Abri-se a porta do ônibus.Uma mulher não muito segura do  que está fazendo deixa escapar de suas mãos as mãos de um garotinho que a acompanha.O ônibus da continuidade á sua corrida,causando de imediato choros no garotinho que acabou de entrar.Ele procura pela mão da sua suposta mãe,que perde a paciência com os berros "sem sentido" do seu filho.De lá do meu canto observo,com um olhar cheio de sorrisos,o temor que se passa por aqueles olhinhos chorosos pedindo ajuda.Mas não rir por mau.Rir por que percebi como são pequenos e importantes esses primeiros medos!Cheguei a imaginar esse garotinho a chorar quando mordiscou,pela primeira vez, um pedacinho de picolé que o deixou assustado com a temperatura que lhe foi causada nos lábios virgens do gelo,mais que depois lhe foi prazerosamente refrescante.E como terá sido a primeira vez que experimentou a neutralidade do chiclete tão antes saboroso e doce?Ou até mesmo como terá sido a enorme dor que sentiu ao sentir o beijo de despedida de sua mãe ao deixá-lo na escola,sozinho,inseguro,mas crescendo?
       Os olhos do garoto não cessava as lágrimas e o medo aparente,  até que a mãe o aconchegou em uma cadeira,cedida por um passageiro que não perdeu um só minuto do desespero daquela criança.
        Chegada minha vez.Dou sinal e me preparo para descer do ônibus que de novo se acalma a cada rodada dos pneus.Olho pela última vez pro garotinho, e vejo agora em seus olhos um brilho contente de aconchego que acompanha fielmente o correr das ruas.Desço.Paro por um instante no ponto.Fico a lembrar do acontecimento e dos olhinhos satisfeitos do garoto ao encontrar segurança.Confirmo então minha opinião quando disse ser importantes esses pequenos e primeiros medos,pois percebo  a fortaleza que ele nos traz ao encontrarmos o lugar de aconchego que nele próprio existe,mais que não vem antes de uma assustadora correnteza de lágrimas.Continuo enfim meu caminho,em passos lentos.O ônibus segue sua direção,em passos acelerados. 

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