SOM DA TRIBO 95.7

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sábado, 10 de março de 2012

Alçar um vôo livre...

(Por:Laísa Duarte)



    Enquanto a professora explicava pacientemente as regras do Teorema de Tales,minhas pernas não paravam de se encarar ansiosas,enquanto eu,quase que em um gesto automático,rabiscava toda a carteira,angustiada,pois as horas pareciam não passar...
   Meus olhos ficavam num vaivém perturbador.Ora pousando sobre os ponteiros teimosamente preguiçosos do relógio,ora pousando de mim para dentro de "mim mesma",analisando e projetando,cuidadosamente,meu tão sonhado vôo.Tinha que ser dessa vez...
   O sinal soou enfim.Saí aceleradamente da minha carteira que já estava toda machucada pelos meus rabiscos.
Subi tão depressa no ônibus quanto desci.Chegado meu ponto.
   Acelerei meus passos por entre a multidão calorenta enquanto não parava de pensar no meu projeto tão eficientemente planejado.Também ia observando atenta e invejavelmente a facilidade com que os pássaros voavam por entre as árvores,as borboletas por entre as flores,e até um mosquitinho repugnante  sobre um montinho bem feito de açúcar no chão.
   Chegando enfim em casa,não hesitei um só segundo e corri em direção ao meu quarto,deixando pra trás somente minha mochila,jogada de "qualquer jeito" sobre o sofá.
   Ainda fardada,coloquei meu plano em ação.
   Peguei o banco da minha escrivaninha(pois era o mais alto que havia em casa)e o coloquei próximo aos pés da cama,pois caso não houvesse sucesso em meu plano(embora muito bem planejado)minha queda seria,diferentemente de tantas outras,amenizada.
   Antes de subi no banco,coloquei entre minhas axilas um balão improvisado(ele tinha em suas margens alças parecidas com as de uma mochila),que seria acionado após meu salto(que deveria ser bem feito,o mais alto,pois tudo dependeria dele),e assim eu realizaria,mesmo que por apenas 4 segundinhos,meu sonho tão bem sonhado:o de alçar um vôo!
   Mas era este um sonho que não podia ser realizado de qualquer maneira.Não podia ser somente tirar meus pés do "chão" e pronto.Era preciso que fosse um vôo bem feito,que me tirasse o fôlego, que me bagunçasse a alma.E mesmo que fosse somente por 4 segundinhos bobos,era preciso que desconcertasse em mim,"sem dó nem piedade", todas as vértebras.Era preciso que fosse um vôo liberto,que me fizesse sentir como uma borboleta entre as flores.Ou ainda que fosse um vôo heroico,entre o perigo,que me fizesse atuar com orgulho em meus desenhos preferidos de infância!
   Pronto.Tudo nos conformes.Subi depressa no banco já toda armengada.Tinha preparações de todos os  tipos sobre meu corpo.Respiração ofegante,coração acelerado...tinha que ser dessa vez.
1...2...3 e...
...lá fui eu: alçar meu tão sonhado vôo livre!

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